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quarta-feira, março 01, 2006

Esquina dos aflitos.

Mais uma vez minha mãe vem me pedir um teclado, eu pra variar nego não sou besta de agüentar a barulheira que vai ser até ela aprender a tocar esse instrumento.
Disse que compraria um na "bacia das almas" (expressão que quer dizer que se adquire alguma coisa barata pelo desespero de alguém em vender) pra dar a ela.
Claro que eu disse que daria um teclado sem as teclas pretas porque pra ela não fariam falta nenhuma, ela ficou furiosa comigo.

No meio da conversa lembrei da "esquina dos aflitos" aqui em beagá, é um lugar onde aos domingos se reúnem pessoas vendendo tudo o que se possa imaginar, desde pássaros em gaiolas, relógios, pulseiras, colares, chuveiro elétrico, há quem ofereça até a mulher na troca.
Produtos novos e usados, os usados bem usados e os novos de procedência duvidosa, há alguns anos atrás essas pessoas que nem sempre eram as mesmas se reuniam regularmente domingo de tarde na praça da rodoviária, hoje com a grande fiscalização contra comerciantes ambulantes eles se reúnem onde são menos importunados se é que isso seja possível, entre as ruas Caetés e Olegário Maciel ou na Além Paraíba.

É interessante que cada cidade tenha suas peculiaridades, hábitos, costumes populares. A "esquina dos aflitos" é um local que definitivamente é desaconselhável andar sozinho ou tentar negociar alguma mercadoria saber como funciona o sistema desse comércio; por lá freqüentam a fina flor da malandragem belorizontina, porém nem só pessoas de má índole entram pra negociar, entram os que estão realmente aflitos pra tentar vender algo que ainda tem de valor pra pagar a pensão (hotel simples) atrasada ou simplesmente garantir o dinheiro pra pagar a janta ou objetivo ignorado daí vem o nome proveniente nem sempre da aflição, mas a pressa era quase comum.

Lugares assim nem sempre tiveram má fama com o passar dos anos é que apareceram os espertalhões pra ludibriar algum incauto. Existem pequenos romances de ilustres desconhecidos poetas mineiros descrevendo seu trajeto pelas ruas e fazendo menção a "esquina dos aflitos" que parece existir desde a década de 50 do século passado.

Hoje veio essa lembrança eu passando pela praça da rodoviária no trajeto do ponto de ônibus a caminho de casa, pela distância da largura de uma rua via aquele comércio que parecia um mini formigueiro, gente andando de um lado pra outro com algum objeto na mão oferecendo a outra e pessoas que já tinham apresentado seu produto e despertado o interesse de alguém e de longe parecia que as negociações estavam bastante avançadas. Era sempre uma passagem rápida com pouco tempo pra observar profundamente, com o passar dos anos sempre vem à memória a existência daquele ponto que tradicionalmente caiu como expressão popular dizer em determinadas ocasiões pra uma pessoa ir à "esquina dos aflitos" resolver seu problema e outras expressões parecidas tudo depende do momento.

Tem tempos que não passo nem perto de lá não sei como andam as coisas e nem sei se a diversidade de produtos aumentou, enfim não tenho notícias só sei que ela está em algum lugar ainda em atividade.

1 comentários:

gameseverworld disse...
Este comentário foi removido pelo autor.