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terça-feira, outubro 24, 2006

Capim.

Descobri que há algumas décadas atrás coqueluche curava-se com ar puro da manhã e de preferência onde tivesse capim meloso ou capim gordura, e isso não era possível só no interior, era possível encontrar o tal capim e o ar puro na cidade mesmo.
Veio-me a lembrança de uma época em que quando viajava pelas estradas de Minas rumo ao interior, pela manhã o ônibus era invadido por aquele cheiro de mato agradável. Era bom colocar parte do rosto pra fora da janela e sentir o aroma, encher os pulmões de ar e sentir-se satisfeito.

Esse mesmo aroma podia ser sentido na capital mesmo, lembro que quando criança ia caminhar de mão dadas com mamãe perto da rede ferroviária onde ela tinha uma amiga que morava perto de lá. Como ainda não havia o grande aumento demográfico em beagá, essa região era habitada pelos ferroviários e suas famílias.
De mãos dadas porque nessa época criança só andava assim, um dia resolvi soltar da mão de mamãe e quase fui atropelado, e só esperei depois pela surra que com certeza iria levar e hoje se diz que educa-se criança sem bater, concordo, mas uns tapas na arrancam pedaço de ninguém. Existe diferença entre bater e espancar.

E lá perto da ferrovia tinha muito mato e de manhãzinha vinha o cheiro do orvalho, junto com aroma de mato e do capim. Como sempre morei em casa com quintal grande aonde não tinha arvore, arvore frutífera, legumes e tudo mais tinha o tal capim e várias outras qualidades de capim, até aquele que você quando arranca e sobra o talo e esse talo era tão bom ficar mordiscando e sorvendo o sumo provavelmente verde.

Bem antes numa época onde na farmácia quem mandava era o “prático” – não era um dos três porquinhos – era o encarregado de criar novas fórmulas e comerciar as já existentes, não se achava o capim gordura, você tinha de ir até ele e não era difícil, era só gostar da natureza, gostar de correr e brincar.
A coqueluche era um pouco comum, mas não tinha cura farmacológica ou se tinha não lembro, só sei que o cheiro do capim gordura curava e de lá pra cá nunca mais foi o mesmo. O pouco desse tipo de capim que resta na cidade passa despercebido, tanto pelo olhar como pelo olfato.
E hoje as vacinas fazem esse trabalho, que bom que a evolução da ciência permite que doenças menos complicadas tenham tratamento eficaz à medida que corre atrás da cura de doenças mais agressivas quem o capim e nem a gordura dão jeito.

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