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quarta-feira, março 23, 2005

Olho as nuvens e não vejo.

Os carneirinhos que via quando criança, o algodão doce que sempre imaginava que iria cair em meus braços e depois adocicar minha boca... meu sobrinho outro dia estava na minha casa e como sempre todo domingo passa o vendedor de algodão doce, pensei e comprei um algodão para ele. Fiquei chateado, ele pegou um pedacinho colocou na boca e fez cara feia dizendo que não queria mais. Poxa eu brigava para que alguém me desse um algodão doce, quando era criança.
Hoje ele chega aqui comendo esses salgadinhos que criança adora eu também gosto de vez em quando, mas ele sempre tem um desses na mão.
De noite no jantar tomou macarrão instantâneo com iogurte, tem base?
Olho tudo com olhos de criança, mas a maldade se faz presente não vejo mais quermesses com barraquinhas de pescaria, maçã do amor, algodão doce, prendas...
Hoje não se malha o Judas como antigamente, o foguetório que queimava ele era muito legal, fazíamos uma algazarra que só vendo. As ruas enfeitadas para a procissão de ramos, quase desapareceram.
Lembro-me de ao sair para a rua, pegávamos tinta, serragem, folhas diversa, carvão, giz branco, cal e mais tantas coisas que esqueci. Desenhávamos símbolos da páscoa no chão e a rua parecia um tapete colorido, quando a procissão passava ficava tudo esparramado, desfigurado... não fazia mal era gostoso trabalhar se divertindo.
A vizinha da frente é que rabiscava as figuras no chão e os outros só iam colocando a cal a serragem para dar cor e relevo, ah lembrei tinha um pó vermelho que era comprado em casas de material de construção, ele ainda hoje existe e diversificou agora nas cores amarelo e verde.
Tudo que fazíamos era por amor e devoção ao Cristo e as tradições festivas da Páscoa.
Hoje vejo pouco, senão quase nada, esta festa cristã perdeu muito de seu simbolismo e isso tudo faz parte da cultura de um povo e se torna folclore. Quando preservamos nossa herança prolongamos a história de um povo.
Fico triste ao ver a cultura de um povo indígena se esvaindo pelo ralo. O que fizemos com esta raça! Depredamos e confiscamos suas reminiscências e esquecemos de guarda-las. Folclore do povo de vários estados do Brasil estão se perdendo, porque as crianças não querem aprender acham chato e maçante e daqui uns tempos seremos nos que teremos desapego as tradições folclóricas e ou festivas.
Colocamos na cabeça que o único escape é a fuga da realidade que faz com que nós entremos numa empreitada de lazer e diversão. É bom conhecer lugares, pessoas modos de vida; fazemos isto tudo sem conhecer a história do local que estamos visitando, não vamos a museus e muito menos os parques, prédios e monumentos históricos são somente velharias.
Hoje só existem feriados para prolongar a farra das viagens ao litoral e ao interior. Todos hoje em dia estamos cansados demais, trabalhamos demais, reclamamos demais. Se o dia tivesse 30 horas elas com certeza ainda não seriam capazes de fazer a velha desculpa do ?To sem tempo?, deixar de ser usada.
E o que dizer de um feriado que acaba em tragédia, acidentes nas estradas, atrasos em aeroportos, bagagens extraviadas, muambas confiscadas.
Será que o lazer está tão longe assim de nossa cidade, da nossa rua? Penso que a resposta é sim, e porquê? Talvez porque enfeitar a rua dê trabalho demais.
Os legisladores e trabalhadores públicos trabalham pouco e isso nos aborrece. Quando somos nós que trabalhamos pouco, não é aborrecimento é descanso merecido, sim precisamos de descanso no entanto pensemos que quem descansa muito não produz nada. O brasileiro é festeiro e alegre não vejo mal nenhum nisto, apenas acho que reclamamos demais.
E a vida continua e todo esse estresse transmitimos para as novas gerações, nossas crianças o futuro da nossa raça já nascem comendo salgadinhos e nem sabem o que é jogar queimada, por falar em queimada, coloquem juntas crianças moradoras de apartamento junto com crianças moradoras de casa e perceba o que acontece, obviamente elas gostam de correr muito e as primeiras a se cansarem são aqueles que vivem ?presas? em apartamentos, as que vivem em casa te quintal para brincar a exceções, mas as crianças - geração vídeo game - se tornarão adultos cansados de simplesmente não fazer nada.
Cada época tem suas peculiaridades, mas não custa nada fazermos uma salada, um misto do novo e do antigo e quem sabe o futuro seja melhor do que foi ontem, mais atraente do que é hoje e consistente como se espera do amanhã.

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