Pages

Ads 468x60px

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Convite sem fundos.

Brasileiro é um bicho engraçado. Com a fama de educado e hospitaleiro, que recebem bem seus visitantes e turistas; se bem que na categoria: turistas, quem tem se dado bem são as agências de viagens, companhias aéreas as internacionais, pois as a nacionais além de sucateadas, estão devendo até o que não tem, para pagar dívidas com credores, o governo pra variar está entre eles, aliás, não é uma novidade saber que na maioria das empresas grandes quando há débitos a serem pagos aos credores, governo e previdência estão ali brigando pelo pedacinho do ?latifúndio? que a empresa amealhou durante sua existência.
E nossos trombadinhas, aliás, termo no diminutivo que há muito deixou de especificar aqueles meninos, crianças ainda, que se enveredavam pelos caminhos dos pequenos delitos: furto de carteiras, o biscoito da lanchonete com o mostruário quase na calçada e por aí ia. Hoje são marmanjos que assaltam a mão armada, as lojas, calçadas, os pedestres em plena luz do dia e as praias cheias de incautos turistas que vem deixar aqui uma enorme quantia em euros e dólares que você não vê, mas que movimenta a economia do país, gerando empregos, produção industrial, artesanal, serviços e bens de consumo duráveis e perecíveis.
Ainda bem, por enquanto esse produto made in Brazil não está na pauta de produtos para exportação (ainda), mas com certeza preocupa e tira nosso sono, assim nos perguntamos de quem é a culpa? Quem irá nos proteger? Pagamos impostos, merecemos um mínimo de segurança. Já que dentro da polícia também existem os marginais que colaboram pra nossa precária e frágil insegurança. Mas este é assunto para um post futuro.
Ah! Sim o convite sem fundos, você já reparou que sempre dizemos:
_ passa lá em casa depois...
_ quando for ao Rio, passe uma temporada na nossa casa de praia...
_ vamos fazer uma excursão nas férias ta a fim de ir? Vai ser ótima a sua companhia...
_ se o problema é transporte posso te pegar lá, vai alongar em 40Km o percurso de nosso passeio, mas pra quem tem carro tudo fica perto...
_ quando for ao Brasil passa lá em casa...
Ao encontrar aquele velho amigo de tantas farras nos tempos da faculdade dizemos um: _ vamos tomar um choppinho qualquer dia desses pra colocarmos o papo em dia...
Conheço um caso que uma pessoa de férias pela Europa e visitando a Holanda, conheceu um simpático holandês que lhe ofereceu hospedagem em sua casa; passado o período das férias o cara agradece e oferece o convite sem fundos: _ quando for ao Brasil passa lá em casa...
Passados mais de um ano esta pessoa que mora no Espírito Santo, antes de sair para o trabalho atende a campainha da casa, quem está parado em frente a entrada de sua casa? Uma figura de mochilão bota trekking com meias do tipo Lupo, bermudão com uns 40 bolsos, camisa estampada de flores tropicais, óculos alaranjado, chapéu modelo camuflado para safári na selva; e depois de muito rebuscar na memória quem poderia ser? Claro, o branquelo do holandês, o sujeito que me hospedou na sua casa em Amsterdã há um tempo atrás! Que ele faz aqui com essa pinta de andarilho? Ele deve ter se perguntado instantes depois. Esta história terminou bem.
Um amigo passou por uma experiência do tipo ?convite sem fundos?. Dia 24/12 às 7:00hs o telefone toca, meio sonolento ele atende a ligação, uma amiga o convida para um almoço no dia seguinte em um sítio da família, um pouco distante, sabendo que ele não tem carro ela diz que seus irmãos, amigos, têm carro e que iriam pegá-lo, ela termina a conversa dizendo que depois liga para acertar os detalhes.
Dia 25 nada de telefonema até por volta do meio dia, ele liga pra saber a que horas vai ser apanhado, antes de falar com sua amiga ele já fica sabendo que ninguém sabia que ele havia sido convidado para o tal almoço e depois falando com a própria tem a notícia de que ninguém poderia busca-lo, motivo: os que tinham habilitação de motorista (aqui agente chama ?carteira de motorista?), já tinham ido e os restantes tinham carro, mas não a carteira, e se deslocar para busca-lo era arriscado ter uma blitz de trânsito no caminho. (Nem relógio trabalhou direito dia 25). Esta história foi frustrante, imagino.
Nada contra os convites, mas vocês hão de convir comigo que nossa educação às vezes extrapola limites, não só o fazemos por educação o que até certo ponto é louvável, mas fazemos por conveniência ou convenção.
Convite sem fundos é isso aí, não é garantia de sinceridade do pretenso anfitrião é em grande parte figura de linguagem na qual mostramos que podemos retribuir em igual proporcionalidade. Nunca esperamos pagar promessas feitas em condições de pressão por oportunidades a serem criadas sob motivações incabíveis.
O nosso momento atual reflete as amizades e comunidades a que passamos a pertencer, o que passou foi... Um convite sem fundos.

Dica pra ouvir: Led Zeppelin - The Battle of Evermore

Postado no Weblogger

Comenta aqui:(7)

0 comentários: