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quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Filho teu.

... Meu filho te criamos com tanto amor e carinho, pode ter certeza você foi o mais amado entre todos os bebês que nasceram no mesmo dia e na mesma maternidade que tu nasceste.
Temos que te contar algo para que tua vida não fique vazia de informações ou que no futuro próximo tu saibas por teus avós ou por outras pessoas.
Por causa de problemas comigo e com teu pai tivemos de contratar uma barriga de aluguel para te gerar, mas não para por aí o sêmen usado para a fecundação foi escolhido nos Estados Unidos e o óvulo na Dinamarca a inseminação feita na Austrália e a mulher que te gerou é Sueca.
Desde o inicio tivemos o cuidado de nos certificarmos a origem do óvulo e sêmen os dois são de ganhadores de Premio Nobel, não sabemos a identidade dos dois doadores, mas o homem com QI de 250 físico nuclear e a mulher Ph.D. em biologia molecular e extensão em Integração de Sistemas Sinérgicos para evolução das espécies. E quem te gerou é Ph.D. em Matemática pela Universidade de Strasburgo. Não foi uma maravilha sua criação?
Tem mais escolhemos a data da fecundação e a gravidez foi confirmada na conjuntura de Marte com Plutão coisa que só ocorre de 65 em 65 anos.
Programamos teu nascimento para 6:00hs horário excelente na cabala, ah! E dia mês e ano também foram escolhidos a dedo, pois você nasceu exatamente em números de nove, palíndromo, as Runas mostraram que seria melhor assim e também foi no ano em que teu pai foi promovido presidente da multinacional em que trabalha na filial dos Estados Unidos, fantástico! Não achas?
Foi tudo meticulosamente calculado para que tu foste a criatura mais feliz da face da terra. Agora que tu estás preste a entrar para a faculdade que sempre desejamos que fosses aceito e fazer a disciplina que pensamos que tu sempre farias.
Bem esta é toda a tua história, como tu encaras teu destino meu filho?
_Vou para meu quarto.

A mãe senta-se na poltrona, aliviada por tirar um peso enorme das costas, e começa a ter uma reflexão sobre a conversa que tivera com o filho.
Em um momento de breve distração e solta um balbuciar: Deu tudo certo!
Chega noite, o rapaz ainda trancado em seu quarto ouvindo o Bolero de Ravel há horas. Lá fora um carro para, um senhor de meia idade desce, fecha a porta e aciona o alarme, caminha até a casa olha a noite estrelada balança a cabeça positivamente e entra em casa.
Querida contou para nosso filho? Sim meu bem, tudo.
No andar de cima da casa uma porta se abre, passos no corredor, outra porta é aberta. A música é interrompida por um estampido de uma cápsula de bala deflagrada.
Apressados pai e mãe sobem as escadas entram no quarto e segue-se a cena: Uma tela de Matisse respingada de sangue, cravejada com uma bala, o corpo do jovem no chão, carpete banhado em sangue na altura da cabeça da vítima, perto da mão esquerda um Magnum 357 e um envelope encima da cama com os dizeres: Pra Valer à Pena, a mãe pega o envelope, abre, pega dois bilhetes, o primeiro está em branco, o segundo...

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