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quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Escambos da Redação.

Os últimos dois posts, que podem se resumir em um só surgiu da conversa que tive com um amigo meu há alguns meses atrás.
O gancho para o tema me apareceu como de estalo. Em determinado momento da conversa ele me dizia como ia a vida e como ele e sua esposa estavam na batalha para seguir em frente na luta diária; trabalho, convivência esse papo todo normal que uma vida de casado agrega e que no próximo ano programavam ter um filho.
Isto pra mim soou estranho e comecei a perceber que tudo estava sendo programado hoje em dia, inclusive filhos.
Hoje tudo é programado como se programa a tv que vai assistir ou a peça de teatro que vai ver no fim de semana.
Programar a concepção me parece estranho, a perpetuação da espécie não é mais uma coisa divina e humana tornou-se completamente terrena, às vezes circos são montados para se assistir um parto, mas assistir não no sentido de auxiliar, ajudar; socorrer e sim acompanhar visualmente, ver, testemunhar, filmar, fotografar e tudo mais que a mídia puder oferecer.
Meu personagem não foi um projeto de vida, foi um projeto de ciência elaborado com os mais modernos recursos que a medicina pode oferecer hoje em dia e também com que o dinheiro pode também sustentar.
Em determinado momento da vida sua mãe revela para o filho, toda a teia engendrada para sua concepção e gestação, ele se sente um produto modelado, fabricado para consumo e exposto em uma prateleira de supermercado, a vida para ele é um completo vazio, tudo o que seus amigos passaram com suas famílias ele nunca teve, seu primos, tios, avós, mãe, pai e útero gerado estavam espalhados por todos os cantos do mundo.
Com todas as preocupações que seus pais de criação tiveram para que ele se tornasse um homem de primoroso caráter, inteligência acima da média e convivência em ambiente extremamente luxuoso não determinaria seu comportamento correto, caráter reto ou um virtuosi da música e muito menos um gênio de matérias curriculares da escola. Um ser humano normal.
Ele poderia simplesmente se tornar um ser humano com o desvio de caráter e comportamento duvidoso, psicopata; talvez maquiavélico ou sanguinolento como, por exemplo, o Unabomber e Charles Manson americanos, Bella Kiss húngaro, ou o ?Bandido da Luz Vermelha? e ?Maníaco do Parque? brasileiros.
Alguns elementos têm um sentido na estória. O bolero de Ravel, por exemplo, um réquiem escutado a exaustão pelo rapaz dá o sentido de repetição, porque por mais que seus pensamentos tentassem ser conclusivos, eles circulavam incessantemente em sua cabeça. Tudo o que ele raciocinava transformava-se em um redemoinho sem parar de girar.
O tiro na cabeça foi justamente para que esses pensamentos parassem. A tela de Henry Matisse respingada de sangue representava seu desprezo pelas artes e quem sabe insensibilidade aos mestres da pintura.
Bem, só mais um tema para ser abordado um envelope com duas cartas uma vazia igualmente como sua vida e outra escrita um indício da única estória verdadeira que se iniciava em sua mente atordoada e que na verdade era o fim com seu suicídio.
O texto ?Pra valer à pena?, por mim escrito tem um teor alcalino e paradoxalmente denso de uma experiência de vida qualquer, mas dentro deste texto está sublinhado o teor das palavras escritas na carta do suicida vocês lendo de novo somente o sublinhado verão que ele não primava pela comunicabilidade por isso poucas palavras para explicar a ação terrível por um motivo que com o tempo poderia se tornar aceitável com mais diálogo familiar.
Quem se suicida deixa um bilhete? Sim e não quem sabe, talvez; o meu suicida deixou e dois com significados lógicos para ele.
Seus motivos, não discuto se são justificáveis ou não deixo no ar; se ele foi capaz de tirar sua própria vida ele seria capaz de tudo.

Dica pra ouvir: Led Zeppelin - D'yer Mak'er

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