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sexta-feira, outubro 13, 2006

Escrutinador.

Segundo o dicionário Houaiss
Escrutinar
verbo
transitivo direto
fazer escrutínio; apurar os resultados de uma votação.

Conversando com uma pessoa ela dizia que a urna eletrônica era segura e que o povo brasileiro deveria se sentir privilegiado em ter um sistema tão rápido eficaz em matéria de sigilo e apuração de resultados das votações. Já com outra pessoa foi o contrário, ela dizia que um hacker poderia invadir o sistema alterar tudo (pra ser sincero não sei como esses dados são transmitidos) e depois falou outras coisas que considero bobagens, é a tal da ignorância que eu já falei.
Lembrei do Brizola múmia que vivia dizendo que a urna não era segura. (Múmia porque o PDT não quer enterrar ele de jeito nenhum, é igual ao PMDB com Ulisses Guimarães).

Realmente depois que foi implantada a urna eletrônica tudo ficou mais rápido e fácil. Antes parte das pessoas assim como hoje votavam por votar jogando seu voto no lixo e delegando a outros a decisão de escolher seus governantes e representantes no caso da esfera do legislativo.
No meio dessa conversa um tema ficou em evidência o eleitor que era analfabeto ou analfabeto funcional que tinha a intenção de votar seriamente sentia-se excluído desse processo por justamente não escrever nem o número ou o nome do candidato e pior sentia vergonha de escrever com dificuldade o próprio nome na lista de presença ou deixar como marca a sua digital.

Hoje as coisas estão muito diferente, a pessoa só precisa decorar ou levar uma “colinha” com o número dos candidatos aos quais ela pretende votar.
Mas mesmo assim ainda há pessoas que se envergonham de não poderem assinar o nome direito e o número de pessoas que se abstém de votar é muito grande, perto de 36 milhões. Isso é um absurdo, pois são votos que podem decidir os rumos de uma eleição, são brasileiros que não estão nem aí, se tudo está bem ou mal não importa, não vota pronto e acabou.
Esse ano fiz diferente votei e deixei a digital lá só pra ver a minha reação e a dos mesários foi a mais normal possível, o importante foi o voto e não uma simples escrita.

Quando as votações ainda eram na base da cédula de papel a pessoa ia lá rabiscava qualquer coisa e pronto, hoje ao se pensar que isso poderia diminuir substancialmente tudo continua a mesma coisa, se a pessoa não foi tudo bem tem seus motivos, mas comparecer e por desgosto, desesperança ou apenas protesto votar em opções que não sejam em candidatos é algo triste. Portanto o voto é intransferível e paciência se a pessoa não quer exercer seu civismo.

Cheguei a estudar duas disciplinas no colégio que se chamavam OSPB (Organização Social e Política Brasileira) e EMC (Educação Moral e Cívica) disciplinas que tornaram-se obrigatórias no currículo escolar brasileiro a partir de 1969, ambas foram adotadas em substituição às matérias de Filosofia e Sociologia e ficaram caracterizadas pela transmissão da ideologia do regime autoritário ao exaltar o nacionalismo e o civismo dos alunos e privilegiar o ensino de informações factuais em detrimento da reflexão e da análise. O contexto da época incluía a decretação do AI5 (Ato Institucional número 5), desde 1968, e o início dos “anos de chumbo” - a fase mais repressiva do regime militar cujo slogan era “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
Essas disciplinas foram abolidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação por terem caráter de doutrinação impostas pelo regime militar ditatorial.

Não tive noção desse período, pois peguei o finalzinho dele e é uma época não pra ser esquecida e sim lembrada pra que não se cometa os erros grotescos.
Mas essas matérias despertavam o civismo no estudante coisa que ele levava pra vida adulta; hoje não é praticada nem por aquele que vota e nem por aquele que recebe o voto. E isso cria os distúrbios de caráter dos políticos atuais e a falta de interesse do eleitor em exercer um direito típico de um cidadão.


Há quem ache a urna eletrônica passível de fraude, porém retroceder a votação em cédula de papel é um disparate. Veio-me a lembrança do tal escrutínio que levava semanas até se saber quem havia sido eleito.
Ginásios abarrotados de escrutinadores, fiscais da justiça eleitoral, juízes eleitorais, fiscais de partidos, carros forte chegando com dezenas de urnas da seção tal, zona tal, região tal... um calor infernal dentro dos estádios, cafezinho com pão pra lá, quentinhas pra cá; de noite policiais de metralhadoras na mão fazendo a segurança para a retomada dos trabalhos no dia seguinte, isso quando o escrutínio não virava a noite e pessoas sendo substituídas e a contagem não acabava nunca e qualquer problema iniciava-se nova contagem.

Parece que insatisfação faz parte da natureza do ser humano tudo está ruim inclusive quando está bom.

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