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sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Shows Brazuca.

Há anos o Brasil sempre foi um País enjeitado quando o assunto é uma turnê de bandas ou artistas internacionais. Do início da década de 80 do século passado é que artistas internacionais de grande "peso" é que começaram a vir ao Brasil e apresentar seus shows, mas sempre houve um detalhe importantíssimo para definir essa vinda - o dinheiro.
O dinheiro que paga toda a infra-estrutura do espetáculo, palco, camarins, aparelhagens, deslocamentos, estadia, enfim toda a logística necessária para a vinda dos artistas e sua breve confortável permanência.
Isso contando com a mão de obra braçal,carpintaria, serralheria, engenharia de som, eletricistas e etc.

Ao longo desses anos vieram muitos artistas consagrados uns vieram mais de uma vez, outros só uma. O público brasileiro que também compra cds e toda mídia produzida por esses artistas sempre esperam shows memoráveis de quem vai se apresentar outros esperam por uma apresentação que nunca acontecerá, pois o artista ou banda pararam de se apresentar ou simplesmente deixaram de existir por morte ou por dissolução do grupo.

Passar pelo Brasil com uma turnê já foi um mal negócio hoje esse cenário mudou, antes os empresários de artistas internacionais tinham conhecimento de como podia ser pouco lucrativo trazer um show pra cá, hoje já não é tão ruim assim. E por quê é um mal negócio? Enquanto na Europa, América e Ásia o ingresso para ver um show varia de U$300,00 a U$600,00 no caso de artistas de pequeno porte e acima de U$1.000,00 no caso das grandes estrelas, no Brasil essa cifra cai pra algo em torno de U$150,00 no máximo (projeções minhas com base no que tenho visto), e ainda o lucro de organizadores é muito pequeno se eles não contarem com a ajuda ($$) de patrocinadores fica quase impossível realizar um evento de grande porte no Brasil.

Nesse momento vislumbro duas situações bem distintas, duas mega-bandas uma já veio ao Brasil algumas vezes o Rolling Stones com as últimas turnês Voodoo Lounge e Bridges to Babylon e o U2 sensação do cenário musical já há algumas décadas também apresentando a turnê - Vertigo - no Morumbi (SP).
Os Stones vem com a turnê - A Bigger Bang Tour - que nos Estados unidos chegou a cobrar cerca de U1.000,00 o ingresso em alguns estados americanos e no Brasil vai tocar de graça na praia de Copacabana (Rio).

O U2 que também vem de consagradas incursões pelos Países pelo quais tem passado. O U2 vem com um sucesso ainda maior pela exposição auto-promocional adotada pelo seu líder e cantor Bono Vox se empenha em defender com bastante louvor o fim das guerras, extinção ou pelo menos a diminuição da pobreza nos Países sub-desenvolvidos e quem sabe o perdão de suas dívidas junto aos organismos internacionais de empréstimo monetários, questões humanitárias em geral.

Mas nesse show no Brasil o que difere as duas bandas? É claro que uma vai cobrar para se apresentar a outra não. As duas já ganharam o dinheiro que tinham que ganhar ao longo de suas carreiras e já gastaram também cifras impensáveis, mas o dinheiro é deles e ninguém tem nada a ver com isso.
A comparação não é de estilo, musical, idade, competência musical ou de quantidade de fãs.

A reflexão que faço é também sobre a questão da cobrança de ingressos. Com a grande procura ingressos para o show do U2 esgotaram foram postos mais algumas centenas de ingressos estes também esgotaram-se e só na mão de cambistas eram encontrados ao valor de R$800,00 e teve gente que pagou esse valor, uma valorização de 300% em comparação ao preço original e há especulações de que o preço seja maior ainda.
O show dos Stones ali de graça na praia de frente para o mar, água gelada, traje de banho opcional...
(Sem essa de argumento que um show pago seleciona melhor a platéia, fica um clima caseiro e blá blá blá, pois já fui em muitos shows que custaram fortunas e voou cadeira do mesmo jeito, é claro que nem todo mundo vê esses objetos voando e o pau quebrando e esses casos ocorrem isoladamente).

A intenção não é dizer que um é melhor que o outro por ser de graça, é sentir que o Brasil é presenteado com dois grandes espetáculos sendo um deles de graça executado por uma grande banda, esse mega-evento écomo se fosse em retribuição por serviços prestados ao público que paga ao longo desses anos preços de ingressos que nem sempre estavam dentro das possibilidades de seus gastos.
O público tem a oportunidade de ver e ouvir uma das maiores bandas de todos os tempos ainda em atividade e também ver que o brasileiro também pode ver, ouvir e pagar um preço de ingresso a altura da banda que se apresenta, quem pode pagar e conseguiu o ingresso verá um excelente show e quem ficou com o dinheiro na mão sem conseguir o ingresso poderá tentar da próxima vez, afinal o poder aquisitivo cresceu e grandes eventos podem vir e cobrar seus preços internacionais.

O público brasileiro pode se sentir na rota dos grandes espetáculos internacionais ainda que eles estejam restritos às grandes capitais onde a concentração de riqueza é maior, mas com o tempo essa distorção vai sendo corrigida a medida que as cidades continuarem crescendo e o nível de vida continuar evoluindo, assim a fatia de gastos referente a diversão e lazer essenciais para o desenvolvimento social vai estar garantida.

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