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sábado, dezembro 18, 2004

Questão de equilíbrio e sobrevivência.

Sempre pensei que impossibilidade de se movimentar um membro fosse causa de um grande desequilíbrio corporal. Como de fato é, um exemplo disso é quando andamos de bicicleta, as pernas e o resto do corpo estão em sincronia quando se você para de pedalar ou para ou cai, isto em linha reta claro, nada a ver com o que contarei mais adiante.
Outro exemplo: pra um destro, escrever, apontar, cumprimentar, descascar laranja; e para o canhoto a recíproca é verdadeira, e isso são coisas corriqueiras, no dia a dia acontecem coisas mais complexas.
Sou destro e sempre tentei me tornar canhoto para algumas coisas. Não sei bem o porque dessa minha neura. Um dia quebrei o pulso direito andando de bicicleta.
Andávamos de bicicleta, eu e um amigo, isso por volta de 9:00hs. Iríamos a um banco, no meio de uma ladeira abaixo, vi meu amigo desviar de um buraco, e ele se aproximava de mim numa velocidade assombrosa, mil coisas passaram na minha cabeça, entre elas a de que a bicicleta não era minha, quem colocou aquele buraco ali, essas coisas.
A bicicleta era do irmão do meu amigo a peguei sem ele saber, era jogo rápido ir no banco e voltar nada de incomum até aí.
O buraco se aproximava vertiginosamente, pensei numa fração de segundo ele podia dar um passo pra qualquer lado; pra trás ou pra frete não vale, mas não teve jeito vi o mundo girar. O tombo foi até performático, bicicleta pra trás eu pra frente e ralando no asfalto, meu Deus quando iria parar, pensei. Levantei igual gato, batendo a poeira e dizendo que não tinha sido nada, neste instante meu amigo já tinha voltado, ria um pouco, mas também preocupado queria saber se algo mais grave teria acontecido. Meu pulso direito inchou rapidamente, doía latejantemente.
Fomos a caminho do banco conversamos sobre a queda e outras coisas mais, mostrei meu pulso já bastante inchado e cogitando a idéia de fratura resolvemos que iríamos ao banco depois ao hospital. Eu já guiava a bicicleta com uma mão só a essas alturas.
Chegamos ao banco e ele fora resolver seus problemas, eu suava frio, percebi a camisa suja atrás e poída na altura da cintura, a calça jeans suja na batata da perna junto com a dor vinha o pensamento de que as pessoas me viam e poderiam achar que eu assaltaria o banco.
Fiquei bambo, pernas tremulas e sede, fui ao bebedouro de repente ele sumiu tudo estava com manchas escuras, consegui beber água, voltei visualizei o que seria uma poltrona sentei pior fiquei, levantei e de longe vi uma mancha escura de boné vermelho era meu amigo ele gesticulava, mas o que será que ele queria? Chegando perto de mim relatei a ele a situação, mas amenizando as coisas disse que só estava meio enjoado. Tudo resolvido fomos a um hospital, mas lá aconselharam ir ao Pronto Socorro.
Lá pelas 17:00hs meu braço estava sendo engessado; aí lembrei que já havia previsto a impossibilidade de movimentar meu lado destro. Durante um mês e meio escrevi, descasquei batatas enfim suprimi meu lado direito usando esquerdo.
Recentemente minha mãe colocou uma dessas vasilhas de plástico com tampa, é essa de R$1,99 mesmo, tinha pasteis dentro, meu primeiro impulso foi pegá-la depois pensei e se eu não poder pegar? Veio-me à mente a imagem de eu usando os dentes para abri-la, foi um sentimento primitivo senti que era de meus ancestrais, fiquei atônito, com medo, mas depois raciocinei e me veio esse pensamento: Não posso morrer de fome, se precisar usarei os dentes sim rasgaria aquele plástico e comeria seu conteúdo, ?sou um sobrevivente não morrerei de fome e não posso ter pudores, não seria uma mera barreira que impediria minha existência?.

Dica pra ouvir: Eric Clapton ? I´m Tore Down

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