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segunda-feira, julho 16, 2007

Classificatória.

Ainda lembro de que na época da ditadura qualquer programação na tv era antecedida pela imagem de uma espécie de certidão com brasão da república, nessa espécie de documento continha o nome da programação e a regulamentação e recomendação de idade a qual a programação era destinada. Eu não entendia o que era aquilo só mais tarde fui saber que era um documento da cesura militar impondo a um programa passar em um determinado horário e ainda poderia e quem sabe havia cortes prévios nessa programação.

Anos depois trabalhei em um escritório que assinava o Diário Oficial da União, lendo esse jornal certa vez encontrei descrita toda a programação que seria veiculada posteriormente na tv e cinema, era uma descrição detalhada da programação com uma pequena sinopse e no fim a regulamentação da faixa etária e horário a ser exibido, assinada ao final pelo ministério da justiça. Acho que ainda era resquício da censura afinal o governo militar havia terminado.

Só quem viveu ativamente a época da ditadura militar no Brasil pode dizer claramente como foi viver aqueles tempos difíceis pra boa parte da população.

Nos últimos tempos todos que vêem tv regularmente, freqüentam cinema ou teatro têm visto que a classificação de faixa etária permitida para ver determinada atração tem se feito mais presente e visível ao espectadores.
Especificamente na tv a tal de classificatória só falta saltar da tela a cada nova apresentação das emissoras. Já ouvi algum burburinho da classe artística sobre essa classificatória porque afinal ela mexe com uma cláusula pétrea da constituição brasileira.
Isso me traz a lembrança o que citei no início, esse governo começa soltar pequenas leis que subvertem o Estado Democrático de Direito que pessoas antes de mim deram a vida para que eu e as gerações que os sucederam pudessem desfrutar de uma democracia.

Essa classificatória me incomoda bastante, pois os regimes totalitários começam assim, uma norma aparentemente inofensiva aqui uma lei pequena ali, e tudo começa assim justamente jogando os meios de comunicação e culturais de massa em um novelo de lã embaraçado, quando se percebe estão presos num emaranhado sem ter como sair, o passo seguinte é a mordaça e o controle depois esse trem desgovernado não para mais.
Aliás, esse governo é um trem, mas não é o trem mineiro, é o do desgoverno.

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